A escola pode ser para algumas crianças uma outra casa ou até a própria casa. Este fato nos faz crer que toda criança precisa ter confiança na escola, sentir-se segura, protegida e respeitada nas suas necessidades de criança. Sabem elas que a escola será o lugar que irá levar a se separarem de seus familiares e mesmo que seja por algumas horas por dia, para algumas isto pode ser doloroso, para outras nem tanto. Esse momento é um gerador de ansiedade e curiosidade por descobrir o que lá vão encontrar e o que vai acontecer. O papel do professor neste primeiro momento é essencial, pois em muitas situações ele passa a ser a figura da mãe que não está presente e que a criança precisou deixar. O afeto torna-se a base dessa relação e, mesmo que a escola seja entendida como um lugar onde são dadas as orientações fundamentais do ensino- aprendizagem, como letras, números, palavras, leituras e tantas outras informações formativas, o professor não deve ter como meta principal cumprir requisitos exigidos ou "sugeridos" no plano de curso, engessando assim tantos outros saberes e informações de seu aluno. É de vital importância conhecer o aluno e isto só acontece na relação de afeto, cumplicidade responsável e investigativa. Claro que perante a tantas mazelas vividas pela educação, como carências sociais e afetivas, escolas sucateadas e superlotadas, baixos salários e violências de todas as espécies, nem sempre é possível ser este ideal de professor.
Ainda acredito que quando nos tornamos professores com objetivos e prazer em nossa escolha, somos capazes de grandes feitos, mesmo não parecendo aos olhos de outros, mas só se estivermos imbuídos de tolerância, perseverança e principalmente, amor. Os conflitos atravessam séculos de história na educação com maior ou menor intensidade, possivelmente com maior violência em função de toda a estrutura social das ultimas décadas, refletindo diretamente dentro da escola, no ensinar e aprender. E mesmo frente a todo este contexto que vampiriza nossas escolas, arriscaria dizer que podemos ser aquele olhar de esperança, aquele afago em cabeças arrebatadas pelo pesadelo da miséria ou ainda aquele que toca a alma fazendo florir sonhos e imaginação. Somos como educadores capazes e responsáveis pelos gestos, palavras e ações que manifestamos em nossas escolas, podendo te-las ou transforma-las em casas ou castelos que agregam a imaginação infantil ou simplesmente só mais uma escola. ( Ulda Melo)
